domingo, 23 de março de 2014

Mudanças e dificuldades apresentadas no processo educacional matemático

Bom dia,

Revirando uns mails antigos achei uma postagem minha de 2009 em um curso de especialização  EAD da Gama Filho que compartilho com vocês agora.
Este curso não me foi possível levar a termo pelo descredenciamento da universidade junto a UAB por inadimplência! O que foi uma pena já que o curso em muito me acrescentou!

Este material fez parte de um fórum de discussões que tratava da Educação Matemática. Esse texto 2 referenciado já não o possuo.


Mudanças e dificuldades apresentadas no processo
educacional matemático

No texto 2, o profissional em educação matemática, somos levados a refletir dentro de uma perspectiva histórica as mudanças e dificuldades destas mesmas mudanças nas metodologias e práticas por parte dos educadores matemáticos.
A primeira mudança posta em evidencia já no primeiro parágrafo do texto e que sintetiza as conquistas educacionais proporcionadas pelas ciências que subsidiam essa mesma ação educacional é:


O educador matemático é aquele que concebe a Matemática como um meio: ele educa através da Matemática. Tem por objetivo a formação do cidadão e, devido a isso, questiona qual a Matemática e qual o ensino é adequado e relevante para essa formação.


Esta concepção de educador matemático entra em acordo com o pensamento Paulo Freire (2002, p. 13), “de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Esta mudança é fundamental. Nela, o educando deixa de ser agente passivo do processo e se torna elemento ativo, ou seja, ele deixa de ser “um problema” para se tornar “uma solução”.
Esta é a mais fundamental mudança. A percepção da educação matemática por sua perspectiva holística, onde educador, educando e educação são elementos de um processo dinâmico e complementares entre si.
Dentre outras mudanças que são arroladas destacamos:
  • O surgimento de um novo campo de pesquisa denominado Educação Matemática;
  • Mudanças curriculares;
  • Emprego de novas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem;
  • Implementação de políticas de educação continuada para os educadores em geral e para os educadores matemáticos em particular e
  • Inovações nos métodos e processos de avaliação.
Acima alinhamos as mudanças promovidas e, quais seriam as dificuldades nas aplicações?
Aqui nos deparamos com uma gama muito ampla, por isso, destacamos algumas.


Formação


A formação do educador de matemática é ainda hoje dominada por professores nas universidades que são de fato matemáticos e, que por terem uma formação pedagógica deficiente, tendem a tentarem formar matemáticos e não “educadores matemáticos”.
Neste ponto, mostra-se premente a necessidade da formação continuada do profissional.


Carga horária e salários


Aos educadores no geral é imposta uma carga horária excessiva de trabalho com salários insuficientes. Este binômio desestimula a prática da pesquisa por ampliar em muito o desgaste destes profissionais.


Autonomia parcial


Em um ambiente de trabalho onde o educador está a serviço de uma instituição particular, a sua autonomia é parcial. Este responde as determinações de uma direção com interesses focados essencialmente no lucro e não na educação. A ação de um educador-pesquisador é extremamente experimental e variável segundo as circunstâncias sociais, etárias e experenciais do grupo de alunos com o qual ele esteja desenvolvendo um trabalho. Um trabalho que “desagrade” aos seus diretores lhe vale minimamente uma determinação de enquadramento as regras da instituição.


Considerações finais


Assim, concluímos que as implementações das mudanças nas abordagens metodológicas e pedagógicas na educação matemática, por parte do educador, encontram facilitadores no material farto e variado nas pesquisas da psicologia, educação matemática, na etnomtemática, na modelagem matemática e, em muitos outros campos de pesquisas. As dificuldades existem e são muitas e muito contundentes, contudo, um educador comprometido com o seu trabalho e com os seus alunos não pode deixar passar a oportunidade de se superar na sua ação educacional por motivos das dificuldades mesmo que sejam muitas, pois a educação tem uma dimensão que nos obriga a um maior comprometimento. Nas palavras de D’Ambrósio:

Em termos muito claros e diretos: o aluno é mais importante que programas e conteúdos. Se o objetivo é Paz, a Educação é a estratégia mais importante para levar o indivíduo a estar em paz consigo mesmo e com o seu entorno social, cultural e natural e a se localizar numa realidade cósmica.
Eu poderia sintetizar meu posicionamento dizendo que só se justifica insistirmos em Educação para todos se for possível conseguir, através dela, melhor qualidade de vida e maior dignidade da humanidade como um todo, preservando a diversidade mas eliminando a desigualdade discriminatória, dando, assim, origem a uma nova organização da sociedade (grifos nosso).

Logo, a educação tem a dimensão da paz, da dignidade humana, do respeito à diversidade e de uma nova organização da humanidade.


Referências Bibliográficas


GAMA FILHO. Tendências do ensino da matemática: fundamentos teóricos e metodológicos. Brasília-DF:CETEB, 2007.
FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. Ed. São Paulo:Paz e Terra, 1996
D’Ambrósio, UBIRATAN. Educação matemática e a crise da civilização moderna. [S.l.]: [S.n.], [2000?]. Disponível em: < http://vello.sites.uol.com.br/crise.htm >. Acesso em: 28 nov. 2009.

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