sexta-feira, 21 de março de 2014

Acesso a educação: todos são iguais perante a educação?

Estou aproveitando este espaço para preservar uma discussão a qual tive acesso no Facebbok.

Compartilho com vocês a minha intervenção nesta discussão. Aproveitem e acessem todo o conteúdo pelo link abaixo.



Alice quer ser astrônoma, mas a elite mesquinha não permite




"Quero cumprimentar ao articulista pela oportunidade de abrir um espaço onde os apontamentos tratados no texto central foram debatidos exaustivamente, no geral, de forma muito política.

É interessante observamos o discurso de algumas pessoas que atribuem às vítimas a manutenção e responsabilidade do estado de miséria intelectual, financeira ou social em que estas se encontram. Este país foi fundado numa relação onde homens escravizavam, matavam e estupravam outros homens. Isto, com aquiescência da Igreja, da Moral, da Ciência e das leis. Hoje, por um passe de mágica tudo isso desapareceu! Hoje só não tem educação, respeito, dinheiro ou poder quem não quer! Esse é o raciocínio predominante! Aos descendentes de uma sociedade escravagista e racista cabe toda a responsabilidade pela carência em suas vidas: dignidade, educação, acesso? Afinal se os filhos dos senhores de engenhos hoje se encastelam em seus condomínios de luxo e, em contra partida, os descendentes dos negros, índios e europeus pobres que construíram este país vivem em favelas a única relação que alguns estabelecem é a que o prisma da "meritocracia" os permite ver!
Eu chamo a esse comportamento intelectual de "desonestidade intelectual"!
Esse tipo de raciocínio é o mesmo que estabelece culpa de um estupro à estuprada! Afinal "ela usava uma roupa provocante"!
Outra questão é que, existe sim, uma "elite mesquinha" neste país! Aos que querem mensuração, números, acompanhem os dados do IBGE! Quais são as representações políticas e econômicas dos extratos da sociedade brasileira nos critérios como educação, saúde e emprego? Qual é a relação entre salário e gênero? Homens ganham mais que mulheres! Raça? Caucasianos ganham mais que negros! E por aí vai! Está tudo nos dados do IBGE!!!
Os discursos meritocráticos tendem a ocultar os fatos que se sobressaem: há relações históricas que se perpetuam! Não podemos comparar os desiguais com a mesma régua! Como cobrar das Alices deste país o preço do seu eventual fracasso se as oportunidades são desiguais? Como bem lembrou a Vivi, esta história de "vi e venci" é a exceção! E exceção NUNCA estabelece uma regra!
Os defensores do discurso meritocrático nos tentam convencer que que há "forças naturais" regulando as relações sociais! 
Isto é desonestidade intelectual!!!
Numa sociedade o "natural" não existe! Os papéis de cada indivíduo são estabelecidos por herança ou pela dinâmica das relações. Ser pai, filho, pobre, rico... Tudo isso surge de uma articulação que tem objetivos muito claros! Quais são? Leiam "Humano demasiado humano" e "O anticristo" de Nietzsche, "A Utopia" de Thomas More, 1984 de Orwell e Admirável Mundo Novo de Huxley". 


LEIAM!!!

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